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II. [repetita in formulae thesis]

II Nonnus hominibus S. D. O dia 2 de janeiro devia ser considerado de “simples gala”. É que ainda não estamos devidamente propensos a olvidar os dias de festas e envergar o traje do trabalho. E por falar em trabalho… No meio de tantos auto e hétero vexames pelo fracasso repetido in formulae thesis , lá me veio um agrado salvar o dia. Verdade que conversar, mesmo que seja para desbaratar palavras repetidas e sentimentos iníquos (mas também inócuos), faz bem; purga-se um certo rancor barato. Vejamos o que me espera o dia 3.     Scripsit in Portuensis Orbi data a.d. IV Non. Ian. MMXX

I. [fora o velho, entra o novo]

I Nonnus hominibus S. D. Jamais haverá ano novo, se continuar a copiar os erros dos anos velhos. (Luís Vaz de Camões [?]) “Fora o velho, entra o novo!”, ressoam como címbalos estridentes os ecos da minha infância. Gritamos todos em uníssono gáudio a contagem decrescente. Batem-se testos na rua e dentro de casa, estalam rolhas do melhor champagne e tilintam os copos saudando o Ano Novo. Somo imersos numa grande alegria! Creio ver o teu sorriso de radiante, o teu olhar brilhante, feliz por mais um ano. Mas não. O que vejo é “o teu olhar derradeiro, / esse olhar que era só teu, / amor que foste o primeiro”. Mas como de repente, a casa está vazia e eu volto à realidade da tua ausência. Chegou 2020 e eu não estou, como outrora, na nossa casa a festejar. Não és tu quem recebe o meu primeiro beijo, o meu primeiro abraço e te diz “mais um que já passou!” Confesso que não estou totalmente triste. Este ano entrou, não tão barulhento, mas igualmente familiar e feliz em ca

Prooemĭum

Prooem ĭ um Hoje inicia mais um ano. Com ele, por toda a parte, se multiplicam e renovam votos de um próspero recomeço. A esperança de que todos os sonhos e compromissos sejam, por fim, concretizados. Frases como “vamos fazer deste ano o melhor das nossas vidas, pois apenas depende de nós e a vida é o conjunto das nossas escolhas” repetem-se como máximas que se não evocadas agoiram, condicionando a vida de qualquer mortal. Na verdade, em cada novo ano, queremos somente o resultado das promessas e desejos, mas rejeitamos o processo de realiza çã o e, consequentemente, a nossa responsabilidade no   incumprimento das mesmas, certamente, por falta de compromisso. Não sei ainda o que pretendo para este ano; talvez, por falta de uma certa ambição, apenas “que a vida me corra”, como dizem os populares. Contudo propus-me a seguir os exemplos de José e de Maria, o casal dos sonhos e do silêncio (cf. Mt 1, 24; Lc 2, 50). E é no silêncio, para que as minhas palavras não sejam acúf